Fonte: oficinademidia.com.br (Maurício Santini)
O público
que esteve no último debate do 52º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e
Medicina Laboratorial aplaudiu de pé a apresentação do procurador da
República e coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, Deltan
Dallagnol.
O
procurador não fez menção a nenhum partido político, mas apresentou os
números de agentes envolvidos em propinas e acordos escusos: 415 políticos e 26
partidos. Segundo ele, o montante recolhido em atividades corruptas recheou o
bolso dos envolvidos, além de servir ao financiamento de campanhas
eleitorais.
De
acordo com Dellagnol, um dos legados da Operação Lava Jato é combater o
sofrimento das pessoas, já que este dinheiro desviado certamente seria voltado
à saúde, ao saneamento básico, à segurança e à educação. Na opinião do
procurador, a Lava Jato faz o "diagnóstico", mas o "tratamento"
costuma não vir.
Dellagnol
também destacou a derrota de um documento elaborado por parte da
população, As dez medidas contra a corrupção, e que o Congresso
Nacional, aproveitando do momento da dor da tragédia provocada pelo acidente do
avião da Chapecoense, triturou. “A Lava Jato não tem heróis. Contudo, pode ser
que a gente ganhe ou perca, mas o importante é lutar. Será preciso que a
sociedade deixe de lado o vitimismo e arregace as mangas para escrever a
biografia da nossa história”, disse. Segundo ele, há atitudes desanimadoras
como, por exemplo, a libertação de alguns políticos envolvidos com corrupção
pelas mãos de alguns juízes.
A campanha
“Unidos contra a Corrupção”, com a presença de diversos políticos fichas
limpas e especialistas de instituições idôneas, foi divulgada por Dallagnol
como uma ferramenta de combate à corrupção. “Mas, é preciso levar em conta três
quesitos importantes: passado limpo, tendência à democracia e compromisso
contra a corrupção”, reiterou.
No fim de
sua apresentação, Deltan Dellagnol conclamou os presentes a promoverem um
exercício doloroso: “pensem na pessoa que vocês mais
amam. Se ela estiver com uma doença terminal, o que vocês fariam por ela? Façam
isso pelo Brasil”, concluiu.