“O Brasil, um dos maiores produtores de petróleo no mundo, enveredou por
este caminho ao abdicar de uma política soberana de afirmação nacional, que
considere a economia local e as pessoas. Analistas da questão energética de
combustíveis fósseis no Brasil apontaram, como alternativa às constantes altas
de preços na gasolina e óleo diesel, a necessidade de revigoramento da produção
local.
Mas o que se viu foi a ampliação da capacidade ociosa das refinarias
brasileiras, hoje em torno de 30%. O terreno foi preparado para a decisão
entreguista aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras. A partir de
junho, a empresa pretende vender as refinarias de Pernambuco, Bahia, Minas
Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Amazonas, a Unidade de Industrialização do
Xisto, no Paraná e a Lubrificantes e Derivados de Petróleo (Lubnor) no Ceará.
Este é o motivo para a Petrobras não ter enfrentado de outra maneira o
desafio da alta dos preços dos combustíveis. A empresa não quis adotar uma
política de preços que tenha por base o custo de produção e a margem de lucro,
que tornaria o diesel e a gasolina muito mais acessíveis ao consumidor
brasileiro e teria efeito de oxigenar a economia local, diretamente impactada
pela oscilação no custo destes derivados.
Consiste em uma aberração o modelo escolhido pela Petrobras. A empresa
optou por vender óleo bruto e comprar produtos refinados. Qualquer pessoa de
bom senso compreende que o produto manufaturado agrega valor e lucro à matéria
prima, e que é vantajoso para nosso país fechar o ciclo completo – da extração
do óleo bruto ao refino do petróleo, para vender o diesel e gasolina sem
precisar importar estes insumos.
Por que a Companhia age assim, se temos um parque de refino sofisticado,
a melhor mão de obra disponível e uma necessidade imensa no país de
fortalecimento da indústria local?
O Brasil pratica um dos mais altos preços de gasolina, cerca do dobro
que tem sido cobrado no posto de combustíveis nos países produtores de
petróleo. É uma riqueza pela qual o país tanto lutou, mas que está sendo
colocada a serviço de interesses do capital internacional.
Estudos apontam que, por razões de logística e de demanda do mercado
consumidor, algumas regiões como o Nordeste precisam de novas refinarias.
O Governo do Ceará não abre mão do sonho da refinaria no Complexo
Industrial e Portuário do Pecém. Com este objetivo o governador Camilo Santana
esteve no dia 27/04 na China discutindo o projeto com investidores.
É uma boa oportunidade para a Petrobras sair da solidão do mercado e
abraçar estes parceiros privados num grande projeto de interesse nacional”.
Deputado Federal Leônidas
Cristino - PDT/CE