Com mais de 53 mil casos confirmados e 3,4 mil mortes até
esta terça-feira (2), a pandemia de covid-19 tem escancarado um problema
estrutural no Ceará que vai além do colapso na saúde: a falta de saneamento
básico. No estado em que mais de 6,5 milhões de habitantes não têm coleta de
esgoto e 3,6 milhões sequer têm água potável na torneira, a recomendação de
lavar as mãos para se proteger da doença se torna um desafio diário. Os dados
são do Painel Saneamento Brasil.
Para o presidente da Associação Brasileira das
Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), Percy
Soares Neto, a solução do problema é ampliar os investimentos no setor, o que
ajudaria a diminuir a pressão no sistema público de saúde, com menos pessoas
doentes em virtude da prestação inadequada desses serviços essenciais.
Apesar dos dados oficiais mostrarem um quadro crítico no
estado, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) garante que, atualmente,
mais de 98% da população é atendida com água tratada e 46% com rede de esgoto.
No plano de investimentos, a estatal prevê aplicar, até 2023, R$ 1,2 bilhão em
saneamento básico nos 152 municípios que atende.